31 de Março: Dia do Patrono "Francisco Carneiro Martins"



Biografia:


Jornalista, professor e advogado. Nasceu em Tibagi, Estado do Paraná, em 31 de março de 1903 e faleceu em Maringá no dia 28 de novembro de 1966. Seus estudos preliminares foram realizados em Piraí do Sul, matriculando-se mais tarde no Instituto Cristão na cidade de Castro.
Quanto a sua infância, ate os 5 anos de idade era uma criança muito esperta, e nesta idade apanhou paralisia infantil, ficando dois anos de cama e depois se recuperou, parcialmente. Tinha defeito na espinha e usava colete corretor. Ficou sem jogo na perna esquerda.
Concluiu o curso ginasial no Ginásio Iguaçu em Curitiba e formou-se normalista em 1938 na Escola de Professores de Ponta Grossa, lecionando ao mesmo tempo na Escola dos Ferroviários em Vila Oficinas.
Formou-se em Direito pela Universidade do Paraná no ano de 1941 e passou a lecionar e advogar em Imbituva, onde era diretor do Grupo Escolar Dr. Franco Vale.
Em 1943 transferiu sua residência para Guarapuava; morou um ano no Hotel Central, logo depois passou a residir na antiga Rua Silva Jardim, hoje, Getúlio Vargas esquina com a Rua Guaíra onde morou oito anos. Veio para esta cidade como diretor do Grupo Escolar Visconde de Guarapuava, onde lecionava também sua esposa, D. Alíria Bastos Martins, que era professora. Com a fusão do Ginásio criado pelo então interventor Manoel Ribas, ambos foram lecionar naquele estabelecimento de ensino, até serem aposentados. Foi o instalador e o primeiro diretor do Ginásio Estadual Manoel Ribas, e o primeiro diretor da Escola Normal Secundária.
Colaborou com o semanário Folha d'Oeste, sendo seu redator durante um certo período.
Francisco Carneiro Martins, possuía uma personalidade marcante, muito calmo, inteligente, equilibrado e uma ótima capacidade de comunicar-se.
Era magistrado em Desenho; substituía professores de qualquer disciplina quando algum deles faltava. Suas férias no Magistério eram muito reduzidas.
Faleceu em Maringá, vitimado por trombose em 1966.
Antes de morrer escreveu na última folha do bloco de sua esposa, como que pressentindo a sua morte, suas despedidas deixando no bloco também uma procuração para sua esposa, como se ele já tivesse morrido. Confortou os familiares por sua morte, dizendo que estaria bem e não se preocupassem com ele.
Eis na integra, o escrito deixado em vida pelo Dr. Francisco Carneiro Martins:
“Convencido de que o corpo material nada mais á do que uma roupagem, de que o espírito se desfaz na fronteira desta vida com a outra que Deus nos tem destinado, entendo que não passa de um costume, como outro qualquer, prestaram-se homenagens aos restos mortais de quem deixa a vida terrena, para viver na imaterialidade.
Funerais categorizados, túmulos perpétuos e vistosos, coroas e flores, visitas periódicas ao Campo Santo, constituem, principalmente para os povos latinos, formas palas quais manifestam de público os seus sentimentos de afeto pelos entes desaparecidos, ou dão uma satisfação a sociedade que adota esse costume, da mesma forma que os hindus cremam os corpos dos seus familiares falecidos e depositam as respectivas cinzas nas águas sagradas do rio Ganges.
Outros ainda, como os norte-americanos, mais práticos, fazem sepulturas sem qualquer aparato externo e cobrem-nas de gramas, apenas, assinalando-as simplesmente com uma placa com o nome de que ali foi inumado.
Com túmulo ou sem túmulo, cremadas e dissolvidas na água as respectivas cinzas, a matéria nada vê, nada sente: Já não tem parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. (Eclesiastes 9:6).
O espírito que anima o corpo durante a vida terrena não fica com ele no túmulo, nem ali voltara para receber os preitos de saudade que lhes queiram tributar.
O espírito vai para Deus e a roupagem material desaparece.
Depois de alguns anos os túmulos ficarão vazios. As homenagens já estarão sendo prestadas ao que não existe!
Por isso, com o meu falecimento, dispenso quaisquer cerimônias. Peçam a Deus por minha alma, e será o maior Bem que me poderão fazer. Se eu não tiver misericórdia divina, de nada valerão funerais custosos, túmulo vistoso, visitas periódicas, coroas e flores, que nada aproveito.
Meus funerais, quero-os os mais simples e modestos possíveis.
Pouco importa o julgamento da sociedade, que nada nos dá, tão depressa esquece o que se procura fazer por ela!
O corpo humano tanto voltara ao estado donde proveio, com um enterro de primeira classe, num caixão entalhado e guardado depois num túmulo de mármore como terá o mesmo destino num modesto caixão de pinho, em pleno contacto com a terra de que um dia voltara a fazer parte. A verdade bíblica e infalível: És pó e em pó te tornarás.
Não quero nem mesmo uma lousa, que distinga minha sepultura das mais humildes. Sempre fui simples na vida, por que ostentação na morte quando nela todos somos iguais?
O dinheiro a ser dispendido com tais exterioridades, que só as empresas funerárias comercialmente aproveitam, desejo e peço que seja empregado em esmolas, auxílios a quem precise, principalmente as crianças que sentem frio e que necessitam de mais alimentos; que se empregue na aquisição e distribuição de Novos Testamentos e literatura evangélica; no sustento da Igreja de Cristo e do seu trabalho.
Por temperamento sempre fui alegre e brincalhão, e gostaria que Iran e Alíria continuassem assim. Parece-me que meu espírito se sentiria feliz e continuaria vivendo novamente com eles! As lágrimas fazem mal a quem chora como aos que veem chorar.
Alem do mais, basta lembrar que espiritualmente não morrerei e que um dia nos tornaremos a ver!
A morte é um descanso, principalmente para mim, que por tantos anos arrastei pela vida afora um corpo semi-paralítico e que dia a dia se me torna mais pesado, muito embora Deus me tivesse dado, em compensação, a melhor das mães, a melhor das esposas e o melhor dos filhos.
Sem eles, nem sei como poderia viver tantos anos.
Deixo o mundo com a consciência tranquila. Nunca desejei mal a ninguém. Deliberadamente, também, nunca fiz mal a ninguém, e devo ter incorrido em muitos erros, por ignorância ou imprevidência, e, com isso, naturalmente, causado aborrecimento a meus semelhantes, mas nunca obedecendo a um propósito de prejudicar.
Tive desafetos, mas não os odiei. Procurei, apenas, esquecê-los! Se não os podia ter como amigos, também não os queria como inimigos.
Procurei servir a Deus enquanto pude. Dificuldades de ordem física impossibilitaram-me de continuar atuando na Igreja. Ele sabe por que assim aconteceu. Nada escapa aos seus planos insondáveis!”

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