Estudante do
ensino médio pensou numa solução ecológica e desenvolveu o produto, com a ajuda
da família e do colégio
05/09/2015
Naiady Piva
Já
pensou na quantidade de isopor utilizado nas embalagens de carne, fruta,
verdura e tudo mais que é vendido no supermercado? A aluna Sayuri Miyamoto
Magnabosco, 17 anos, pensou. E não ficou nada feliz quando descobriu, na
escola, que o material leva de 100 a 300 anos para se decompor na natureza. Foi
aí que ela pensou numa solução: por que não produzir bandejas a partir do
bagaço da cana-de-açúcar?
Graças
à ajuda da mãe e dos professores e ao autodidatismo da garota, a bandeja
biodegradável saiu do papel. Um ano depois, tem até pedido de patente. E uma
quantia invejável de prêmios para a jovem cientista.
A
ideia é simples, da maneira como deve ser um projeto científico no ensino
médio, defende o professor Cornélio Schwambach, orientador de Sayuri. A cana
ela conseguiu com um vendedor de caldo, perto de casa, mesmo. Bateu no
liquidificador de casa e misturou àquela cola branca caseira, que os mais
antigos conhecem bem: farinha de trigo e água, fervidos no fogão.
A
parte difícil foi secar no sol. É que o clima de Curitiba não ajudou muito
(“alguns eu deixei para secar no forno”). Além de encontrar uma “solução
básica” para misturar ao bagaço para impedir a fermentação. Esta é uma etapa
importante, pois a bandeja não podia ser tão biodegradável a ponto de estragar
enquanto o alimento ainda está próprio para consumo. “Pesquisei nos produtos de
limpeza, vi o que era utilizado, e encontrei uma substância que não teria
nenhum efeito tóxico sobre o bagaço”, explica.
Como conseguiu
escolher um produto químico desses? Sayuri conta que foi com a ajuda da mãe,
que é farmacêutica e “conhece bastante de substâncias”. Marina, a mãe, nega:
“Que nada, ela fez tudo sozinho, é superautodidata”.
Marina,
a farmacêutica, ajudou “como mãe, mesmo”. “O liquidificador eu dei para ela,
porque teve uma experiência em que colocou óleo e canela, e aí, claro que
estragou. Na hora de moldar as bandejas eu dizia para ela fazer bem caprichado,
porque ia apresentar na feira.”
Ela
também orientou a filha na escolha do objeto de pesquisa: “Falei para ela fazer
algo que não precisa cavar todo o quintal de casa, e sim algo mais simples”.
Iniciação
Científica
O
que separa um aluno do ensino médio de desenvolver tecnologia e produzir novos
conhecimentos por conta própria? Um “empurrãozinho”, talvez.
Pensando
nisso, o Colégio Bom Jesus criou o programa de Iniciação Científica (IC) para o
ensino médio, em 2011. É uma forma de canalizar a criatividade dos adolescentes
em prol da ciência.
“O
que nós fazemos é formatá-los para o trabalho científico, colocar objeto de
pesquisa, justificativa, essas coisas”, conta o professor Schwambach,
coordenador da IC na unidade Centro, do colégio. O programa começou com um
grupo seleto, e hoje é aberto a todos os alunos interessados.
Sayuri
é da segunda geração de orientados. Sua coleção de medalhas inclui passagens
pelas feiras de ciências da Usina de Itaipu, da Universidade de São Paulo (USP)
– a maior do país–e da chamada Olimpíada dos Gênios, realizada em Nova York.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/inovador-isopor-biodegradavel-nasceu-na-escola-9aqx364kxyugzwo5vjb9qy0m4
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