Gretchen Reynolds
23/12/2015
Exercícios
físicos podem ser importantes para manter um cérebro relativamente jovem e ágil
à medida que envelhecemos, de acordo com um novo estudo sobre padrões de
ativação cerebral em pessoas mais velhas.
Para
a maioria de nós, nossos corpos começam a perder flexibilidade e eficiência a
partir dos 40 anos. A corrida e outros movimentos ficam mais lentos e se tornam
mais desajeitados e o mesmo parece acontecer em nossas cabeças. À medida que a
meia idade chega, nossa maneira de pensar se torna menos eficiente. Não
alternamos entre as tarefas mentais tão agilmente como fazíamos nem processamos
informações novas com a mesma desenvoltura e clareza.
Recentemente,
neurocientistas começaram a quantificar como essas mudanças cognitivas
acontecem em nossos cérebros, com efeitos perturbadores. Em estudos comparando
a ativação cerebral em pessoas jovens com a de quem já passou dos 40 anos,
pesquisadores descobriram diferenças notáveis, especialmente entre tarefas mentais
que requerem atenção, resolução de problemas, tomada de decisões e outros tipos
de raciocínios de alto nível.
Esse
tipo de pensamento envolve em primeiro lugar a ativação do córtex pré-frontal
do cérebro.
Nos
jovens, a ativação no córtex durante essas tarefas cognitivas tende a ser
altamente localizada. Dependendo do tipo de pensamento, o cérebro das pessoas
jovens se acende exclusivamente na porção direita ou esquerda do córtex
pré-frontal.
Mas,
em pessoas mais velhas, estudos mostram que a atividade do cérebro durante
essas mesmas tarefas mentais requer muito mais poder do órgão. Elas tipicamente
mostram atividade nos dois hemisférios de seu córtex pré-frontal.
Na
verdade, elas precisam de mais recursos do cérebro para completar as mesmas
tarefas que pessoas jovens fazem com menos esforço cognitivo.
Os
neurocientistas inventaram um acrônimo para esse fenômeno: HAROLD (sigla em
inglês para hemispheric asymmetry reduction in older adults ou redução da
assimetria dos hemisférios em idosos). A maioria acredita que isso representa
uma reorganização geral e o enfraquecimento das funções do cérebro que ocorrem
com a idade.
Mas
os cientistas não sabem se esse fenômeno é inevitável no envelhecimento e se
poderia ser retardado ou mesmo prevenido com mudanças no estilo de vida.
Essa
possibilidade atraiu a atenção de Hideaki Soya, professor de Exercícios e
Neuroendocrinologia na Universidade de Tsukuba no Japão, que estuda os efeitos
dos exercícios no cérebro.
Para
o novo estudo, que será publicado no mês que vem na Neuroimage, Soya e seus
colegas recrutaram 60 homens japoneses com idade entre 64 e 75 anos que não
apresentavam nenhum sinal de demência ou outro declínio cognitivo sério.
Eles
testaram a capacidade aeróbica de cada um deles no laboratório.
Em
um outro dia, colocaram na testa e na cabeça de cada voluntário uma série de
pequenos eletrodos. Os eletrodos usavam luz infravermelha para destacar o fluxo
sanguíneo e a absorção de oxigênio em várias partes do cérebro.
Com
os eletrodos no lugar, os voluntários completaram testes computadorizados
complexos durante os quais nomes de cores apareciam impressos com uma cor
diferente. A palavra azul aparecia em letras amarelas, por exemplo, e os
voluntários deviam apertar teclas correspondentes ao nome, mas não à cor, da palavra.
Esse
teste faz demandas consideráveis na atenção e na tomada de decisão da pessoa e,
em jovens, foi demonstrado que acende drasticamente o hemisfério esquerdo do
córtex pré-frontal.
Mas
quando os cientistas examinaram a atividade cerebral desses idosos, descobriram
que, na maioria, o teste exigiu atividade do hemisfério direito. Eles
precisavam de mais contribuição de seus cérebros para completar a tarefa,
demonstrando o padrão de atividade de redução na assimetria dos hemisférios.
No
entanto, os voluntários mais condicionados aerobicamente não seguiram esse
padrão. Eles mostraram pouca ou nenhuma ativação no hemisfério direito;
precisaram apenas do hemisférios esquerdo para cumprir a tarefa.
Em
termos de atenção em tomada rápida de decisão, seus cérebros trabalharam como
aqueles das pessoas mais jovens. Eles também foram mais rápidos e mais precisos
na hora de apertar as teclas, indicando que participaram e responderam melhor
do que os voluntários menos condicionados fisicamente.
No
geral, os resultados sugerem que um "condicionamento aeróbico maior está
associado a uma função cognitiva melhor". O cérebro de pessoas mais em
forma requer menos recursos para completar tarefas do que o de pessoas
sedentárias.
O
estudo foi apenas de observação e não prova que o condicionamento muda a
maneira de pensar, apenas que os mais em forma tinham um padrão de ativação do
cérebro diferente.
A
pesquisa não observou os hábitos de exercícios, apenas os condicionamentos
aeróbicos. Em geral, as pessoas mais velhas e em forma andam, correm ou fazem
exercícios moderados regularmente como nadar, diz Soya. Mas ele e seus colegas
não examinaram diretamente se os exercícios afetam a ativação do cérebro.
O
mais importante talvez seja que esse estudo e outros que examinam o fenômeno da
redução de assimetria não indicaram que é ele necessariamente um precursor de
declínio mental. Nenhum dos voluntários de Soya tinha problemas cognitivos,
mesmo quando contavam bastante com a assimetria na hora de resolver os testes.
Mas,
diz Soya, os homens menos condicionados tinham cérebros que funcionavam de
maneira menos esperta do que aqueles mais em forma, e pode-se esperar que o
problema progrida mais rapidamente aumentando as dificuldades com a memória e o
pensamento.
O
lado bom das descobertas, explica ele, é que exercícios diários leves, como
andar e correr devagar podem afetar a maneira como o cérebro funciona, assim, a
mente de uma pessoa mais velha "age como a de uma mais nova".
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/the-new-york-times/2015/12/23/exercicios-fisicos-ajudam-a-manter-a-mente-jovem.htm
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