Celso Nascimento
Já
chegou às mãos do temido procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que
tome as providências devidas, a denúncia
contra políticos do Paraná supostamente envolvidos no esquema da
empreiteira Valor – aquela que fingia construir escolas e que o governo pagava
fingindo que as obras estavam prontas. Cerca de R$ 18 milhões teriam sido
desviados.
Quem
encaminhou o assunto a Janot foi o procurador-geral de Justiça do Paraná,
Gilberto Giacoia, após conhecer os termos finais do inquérito conduzido pelo
Gaeco. Quinze dos envolvidos, que não têm foro privilegiado, responderão
diretamente a um juizado de primeiro grau, no caso a 9.ª Vara Criminal de
Curitiba.
Segundo
fontes extra-oficiais, no entanto, pelo menos um deputado federal e dois
estaduais estariam metidos no esquema até o pescoço. Como têm foro privilegiado
e por terem praticado crimes conexos, o destino dos três é andar juntos rumo à
PGR, em Brasília.
Caberá
a Janot oferecer denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra os três
parlamentares ou apenas contra o detentor do mandato federal; ou, numa segunda
hipótese, desmembrar o processo e mandar de volta ao Paraná para que o Tribunal
de Justiça acate (ou não) a denúncia contra os dois estaduais.
As
investigações, que tomaram o nome de Operação Quadro Negro, foram inicialmente
conduzidas pelo Nurce, delegacia da Polícia Civil encarregada da repressão a
crimes econômicos. O Gaeco, braço policial do Ministério Público, entrou também
na parada e, na última quinta-feira, ofereceu denúncia contra os 15
“bagrinhos”.
O
destino dos privilegiados “peixes grandes” – cujos nomes são mantidos sob
sigilo – é da alçada da competência do procurador-geral Gilberto Giacoia, que
cumpriu o procedimento normal e legal de encaminhar o caso a PGR.
As origens
Tudo
começou quando, em março do ano passado, o então presidente da Fundepar, Jaime
Sunyé Neto, percebeu estranhos comportamentos de um subordinado, o presidente da
Sude, Maurício Jandoi Fanini, que mandava pagar à empreiteira Valor, como se
prontas estivessem, por obras de construção de escolas que ainda estavam só no
papel. Sunyé denunciou os fatos ao secretário da Educação, na época Fernando
Xavier, que abriu a devida sindicância. Estranhamente, Sunyé e Xavier foram
exonerados dias depois.
Na
sequência da sindicância e, depois, por meio da investigação policial, os
participantes do esquema foram identificados. Além de Mauricio Jandoi, foram
indiciados os donos da construtora Valor, seus “laranjas”, os engenheiros que
faziam falsas medições, e um lobista que facilitava as coisas. São estes os 15
denunciados pelo Gaeco.
No
decorrer da Operação, apareceram também deputados que, supostamente, seriam
beneficiários do esquema – mas seus nomes são mantidos sob rígido sigilo. O MP
também não confirma (nem nega) que são três. O que incomoda parlamentares
inocentes.
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